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Tuesday, December 26, 2006

São Paulo: 450 anos em todas as direções:

Fumaça mesmo eu não vi poluindo a cidade, mas há classificados de empregos por todos os lados pichando São Paulo.
Fui de ônibus, cheguei às 6h24m.
Fui de coração aberto, para gostar da comida e aproveitar a piscina.

Logo ao chegar à rodoviária, muita coisa nova.
Paulistanos atrás do balcão me atendiam com um sotaque de vogais curvilíneas.
Nos outdoors, anunciantes de marcas desconhecidas pedem a sua atenção.
Um cheiro anil, um pedaço de céu do país.

Da amurada da rodiviária, vi a Marginal Tietê.
Vias multiplicadas em um jogo de espelhos.
Há uma luz acimentada
As mulheres têm a fórmula da água: são insípidas e inodoras.

Desce escada, sobe escada, placa à direita, primeira à direita em frente, uma banca de jornal...
já na rodoviária estava dando voltas há 25 minutos.
Achei o metrô.
Ele me conduziria a uma direção que fizesse sentido para mim:
Liberdade, um bairro japonês. Avenida Paulista, um emprego melhor. Osasco, um sotaque que faz cócegas.

(cena urbana 1: uma donzela joga as tranças do 20º andar na Avenida Paulista. Um incêndio tomou conta do prédio)

São Paulo é grande.
De dia, as vertigens de um amor platônico.
Sinto a fobia do metrô escuro e quente, um abrigo anti-relacional., um barulho molecular.
Palavras científicas explicam a cidade.
À noite, meu amor, o infinito, onde podemos viver a qualquer preço, com uma camisa qualquer,
do jeito que a gente sempre quis e quer.


(cena urbana 2: um velhinho noel tosse e sente dor na poltrona de casa. Amanhã ele terá que ir à fila do INSS)

São Paulo é veloz no escuro.
Um freme de segundo até o atrpelamento, o blecaute, o assalto, a derrota.
Estar aqui é não ter para onde ir. Nenhuma família atrás da porta a quem pedir.
Um vento forte pegou de surpresa quem não se agasalhou quando o sol se pôs.


Decisões rápidas.
Um clic na TV, um novo canal, não propriamente um novo canal.
A onda agora é andar a três.
Quem quiser entender a nova moda em Sampa, tem que estudar japonês.


Ir à Paulicéia Desvairada é garantia de assistência técnica 24h.
São Paulo rima com construção.
Tijolo por tijolo dominam a situação.

(cena urbana 3; menina chapeuzinho vermelho escapa de uma chacina na zona sul de Sampa. Meno r procura novo lar)


As pessoas andam na Avenida Paulista.
Há um famoso na esquina com a Rua Augusta que quer voltar a morar com a avó,
que quer voltar a ser anônimo, mas descobre que só consegue se morrer.
O transsexualismo é irreversível.
Ele se contenta em ser o último a dormir.

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