Algo subjetivo
Em determinado momento da vida, silenciei. Foi num estalo, porém não um fenômeno físico, nenhuma transformação se deu na natureza ou dela partiu. O sol não caiu sobre a Terra. Nada, não, não. Não foi sequer um processo degenerativo. Apenas silenciei - algo inevitável, inexorável.
Eu sabia os motivos. Tinha descoberto um mundo secreto e passei a perscrutá-lo a cada intervalo da vida, buscando a matéria seminal, o entendimento pleno. Estava dentro de mim. Sentia que era algo além do subjetivo, mas me entusiasmava a sensação de proximidade de descobrir a razão e o significado.
Dentro de mim, absorto no mais escuro dos mundos. Sei agora o quanto é difícil andar entre fígado, rins e intestinos. Tinha algo lá que me atraia para um silêncio absoluto. Porque talvez o que procurasse fosse um som seria preciso ouvi-lo quando se apresentasse.
Me dê uma simples sílaba e faço um texto de uma nota só, enquanto almoço com este velho querido, mais silencioso do que o vazio, de quem herdei em vida o gene de nada dizer.
(Ao pai)

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